GUILHERME NAUE

Pedro Ignácio Schmitz, Guilherme Naue, Danilo Lazzaroto, João Alfredo Rohr e Margarida Davina Andreatta
Guilherme Naue foi companheiro quando a arqueologia brasileira deu os primeiros passos. Na foto está com outros fundadores, vendo-se a partir da esquerda Pedro Ignácio Schmitz, Guilherme Naue, Danilo Lazzaroto, João Alfredo Rohr e Margarida Davina Andreatta
Quando no Colégio São Francisco, em Rio Grande, com seus escoteiros e amigos, começou a localizar sítios arqueológicos no litoral meridional do Rio Grande do Sul. Logo aderiu à equipe que se formava ao redor do Instituto Anchietano de Pesquisas, em São Leopoldo, na qual estavam Pedro Ignácio Schmitz, Ítala Irene Basile Becker, Fernando La Sálvia, Pedro Augusto Mentz Ribeiro, Danilo Lazzarotto e Maria Helena Abrahão Schorr. Esta equipe começava a realizar pesquisa arqueológica no estado, com verba da SPHAN (Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico), paralelamente ao PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas).
Para estender e divulgar sua pesquisa, a pequena equipe de arqueólogos pioneiros organizou os Simpósios de Arqueologia da Área do Prata e Adjacências, em 1967, 1968 e 1969, reunindo arqueólogos brasileiros, uruguaios e argentinos, donde vem a foto da homenagem. Estes simpósios se prolongaram, durante muitos anos, nas Reuniões Anuais dos Professores de Antropologia das universidades do Rio Grande do Sul, e nos Encontros anuais de Arqueologia da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Paralelamente à equipe do PRONAPA, era esta a organização dos arqueólogos brasileiros antes da fundação da Sociedade de Arqueologia Brasileira, em 1980.
Desse tempo pioneiro são as publicações de Guilherme Naue, elencadas abaixo. Sua participação está ligada a pesquisas nos municípios de Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, Camaquã, São Gabriel e São Sepé.
A partir de sua ida para a PUCRS juntou ali um grande acervo, formado pelos materiais reunidos no Colégio São Francisco de Rio Grande, por coletas de urnas e artefatos líticos da encosta do planalto e, mais recentemente, resultantes de pesquisas acadêmicas e empresariais. Sobre este acervo informa num artigo em 1985.
Em 1982 fundou na PUCRS o Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas (CEPA), que coordenou por dez anos. Nesse tempo ele se manteve à frente de grandes projetos ligados à construção de barragens no Alto Uruguai (Usinas Hidrelétricas de Machadinho, Campos Novos e Garabi). O CEPA realizou também outros estudos sobre populações pré-coloniais e coloniais, incluindo as reduções jesuíticas dos guaranis, que resultaram em dissertações de mestrado e teses de doutorado.
No final de sua atuação profissional Guilherme Naue se envolveu na assistência social aos índios Mbyá-Guarani, estacionados ao longo de rodovias e residentes em aldeias da Grande Porto Alegre, procurando proporcionar-lhes infra-estrutura e recursos para atendimento odontológico.
Desde 2004 estava afastado de suas atividades, por motivos de saúde, vivendo na Comunidade Marista da Casa São José, em Viamão, RS, onde seu corpo foi sepultado.
Guilherme Naue era um irmão marista da melhor cepa: simples, simpático, organizado, religioso, às vezes retrancado e enigmático. Um grande companheiro. Sua formação acadêmica formal terminou no bacharelado e na licenciatura de História e Geografia, pela mesma PUCRS. Sua vida sempre esteve ligada à educação da juventude nos colégios da congregação. Depois ainda cumpriu importante papel na coordenação de pesquisas e finalmente se voltou à ação social.
Suas publicações:
  1. SCHMITZ, P.I.; LA SALVIA, F.; NAUE, G.; BASILE BECKER, I.I.; BROCHADO, J.P.; ROHR, J.A.; MENTZ RIBEIRO, P.A. Arqueologia no Rio Grande do Sul. Pesquisas, Antropologia 16. 58 p. + il. 1967.
  2. SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I.; LA SALVIA, F.; NAUE, G. Prospecções arqueológicas na Campanha rio-grandense. In: Pré-história Brasileira. São Paulo: Instituto de Pré-História, USP. p. 173-186. 1968.
  3. NAUE, G.; SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I. A cerâmica dos aterros de Rio Grande, RS. Ciência e Cultura, vol. 20, n. 2. São Paulo, 1968.
  4. NAUE, G.; SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I. SÍtios arqueológicos no município de Rio Grande. Pesquisas, Antropologia, v.18, p.141-152, 1968.
  5. NAUE, G.; SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I. Novas perspectivas sobre a arqueologia de Rio Grande. In: Resumos da XXI Reunião Anual da SBPC. Porto Alegre, 1969.
  6. SCHMITZ, P.I.; MENTZ RIBEIRO, P. A.; NAUE, G.; BASILE BECKER, I.I. Prospecções arqueológicas no Vale do Camaquã, RS. In: Estudos de Pré-história Geral e Brasileira, São Paulo: Instituto de Pré-História, USP, p. 507- 524 + il. 1969.
  7. PRIETO, O.; ALVAREZ, A.; ARBENOIZ, G.; SANTOS, J. A. de los; VESIDI, A.; SCHMITZ, P.,I.; BASILE BECKER, I. I.; NAUE, G. Informe preliminar sobre investigaciones arqueológicas en el Departamento de Treinta y Tres, R.O. Uruguay. São Leopoldo: Publicações Avulsas 1. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas./UNISINOS. 58 p. + il., 1970.
  8. SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I.; NAUE, G. Arqueologia de Treinta y Tres, R.O. Uruguay In: Resumos da XXII Reunião Anual da SBPC, Salvador, BA. p. 161, 1970.
  9. BROCHADO, J.P.; NAUE, G. Considerações sobre contatos euro-indígenas no sudeste da América do Sul. Um projeto de estudo de aculturação através das mudanças na cultura material. Apresentado no XXXIX Congresso Internacional de Americanistas. Lima, Peru. 1970. MS.
  10. NAUE, G.; SCHMITZ, P.I.; VALENTE, W.; BASILE BECKER, I. I.; LA SALVIA, F.; SCHORR, M. H.A. Novas perspectivas sobre a arqueologia de Rio Grande, RS. In: O Homem Antigo na América, São Paulo: Instituto de Pré-História, p. 91-122. 1971.
  11. NAUE, G. Dados sobre o estudo dos cerritos na área meridional da Lagoa dos Patos, Rio Grande, RS. Revista Véritas n. 71, p. 246-269. 1973.
  12. KERN, A.A.; LA SALVIA, F.; NAUE, G. Projeto arqueológico do litoral setentrional do Rio Grande do Sul: o sítio arqueológico de Itapeva, município de Torres. Revista Véritas, v. 30, n. 117/120, p. 571-585. 1985.
  13. SCHMITZ, P.; NAUE, G., BASILE BECKER, I.I. Os Aterros dos campos do Sul: A Tradição Vieira. In: Arqueologia pré-histórica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, p. 221-250. 1991.
  14. SCHMITZ, P.; NAUE, G., BASILE BECKER, I.I. Os Aterros dos campos do Sul: A Tradição Vieira In: Pré-história do Rio Grande do Sul. Arqueologia do Rio Grande do Sul. Brasil. Documentos 5 p. 101-124. 1991.
  15. NAUE, G.; HILBERT, K.; MONTICELLI, G. O Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas (CEPA): 10 anos de pesquisas arqueológicas na PUC/RS. Anais da VIII Reunião Científica da Sociedade de Arqueologia Brasileira, v. 1, p. 155-166. Porto Alegre: EDIPUCRS. 1995-96.

Pedro Ignácio Schmitz