GUILHERME NAUE

Guilherme Naue foi companheiro quando a
arqueologia brasileira deu os primeiros passos. Na foto está com outros
fundadores, vendo-se a partir da esquerda Pedro Ignácio Schmitz,
Guilherme Naue, Danilo Lazzaroto, João Alfredo Rohr e Margarida Davina
Andreatta
- 03.12.1920 - nascimento em São Rafael, município de Carazinho, RS.
- 1935 - entra no Juvenato Marista,
- 24.01.1946 - ingressa na congregação marista com o nome de Irmão Valeriano Braz.
- 1947-1948 - professor em Antônio Prado, RS,
- 1949-1950 - professor em Joaçaba, SC,
- 1951 - professor no colégio Rosário, em Porto Alegre,
- 1951-1956 - professor no colégio São Francisco, em Rio Grande,
- 1957-1963 - professor no colégio São Jacó, em Novo Hamburgo,
- 1964 - professor no colégio Pio XII, em Novo Hamburgo,
- 1965 - faz segundo noviciado em St. Paul-3-Châteux, França,
- 1965-1966 - professor no colégio São Jacó, em Novo Hamburgo,
- 1967-1970 - professor no colégio São Francisco, em Rio Grande,
- 1971-2004 - atividades na PUCRS e no colégio Champagnat, em Porto Alegre,
- 1986 - curso de Terceira Idade em Roma,
- 2004 - retirado na Comunidade Marista da Casa São José, em Viamão,
- 18.05.2011 - falecimento no Hospital São Lucas, em Porto Alegre.
Quando no Colégio São Francisco, em Rio
Grande, com seus escoteiros e amigos, começou a localizar sítios
arqueológicos no litoral meridional do Rio Grande do Sul. Logo aderiu à
equipe que se formava ao redor do Instituto Anchietano de Pesquisas, em
São Leopoldo, na qual estavam Pedro Ignácio Schmitz, Ítala Irene Basile
Becker, Fernando La Sálvia, Pedro Augusto Mentz Ribeiro, Danilo
Lazzarotto e Maria Helena Abrahão Schorr. Esta equipe começava a
realizar pesquisa arqueológica no estado, com verba da SPHAN
(Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico), paralelamente ao
PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas).
Para estender e divulgar sua pesquisa, a
pequena equipe de arqueólogos pioneiros organizou os Simpósios de
Arqueologia da Área do Prata e Adjacências, em 1967, 1968 e 1969,
reunindo arqueólogos brasileiros, uruguaios e argentinos, donde vem a
foto da homenagem. Estes simpósios se prolongaram, durante muitos anos,
nas Reuniões Anuais dos Professores de Antropologia das universidades
do Rio Grande do Sul, e nos Encontros anuais de Arqueologia da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Paralelamente
à equipe do PRONAPA, era esta a organização dos arqueólogos brasileiros
antes da fundação da Sociedade de Arqueologia Brasileira, em 1980.
Desse tempo pioneiro são as publicações
de Guilherme Naue, elencadas abaixo. Sua participação está ligada a
pesquisas nos municípios de Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São
José do Norte, Camaquã, São Gabriel e São Sepé.
A partir de sua ida para a PUCRS juntou
ali um grande acervo, formado pelos materiais reunidos no Colégio São
Francisco de Rio Grande, por coletas de urnas e artefatos líticos da
encosta do planalto e, mais recentemente, resultantes de pesquisas
acadêmicas e empresariais. Sobre este acervo informa num artigo em 1985.
Em 1982 fundou na PUCRS o Centro de
Estudos e Pesquisas Arqueológicas (CEPA), que coordenou por dez anos.
Nesse tempo ele se manteve à frente de grandes projetos ligados à
construção de barragens no Alto Uruguai (Usinas Hidrelétricas de
Machadinho, Campos Novos e Garabi). O CEPA realizou também outros
estudos sobre populações pré-coloniais e coloniais, incluindo as
reduções jesuíticas dos guaranis, que resultaram em dissertações de
mestrado e teses de doutorado.
No final de sua atuação profissional
Guilherme Naue se envolveu na assistência social aos índios
Mbyá-Guarani, estacionados ao longo de rodovias e residentes em aldeias
da Grande Porto Alegre, procurando proporcionar-lhes infra-estrutura e
recursos para atendimento odontológico.
Desde 2004 estava afastado de suas
atividades, por motivos de saúde, vivendo na Comunidade Marista da Casa
São José, em Viamão, RS, onde seu corpo foi sepultado.
Guilherme Naue era um irmão marista da
melhor cepa: simples, simpático, organizado, religioso, às vezes
retrancado e enigmático. Um grande companheiro. Sua formação acadêmica
formal terminou no bacharelado e na licenciatura de História e
Geografia, pela mesma PUCRS. Sua vida sempre esteve ligada à educação
da juventude nos colégios da congregação. Depois ainda cumpriu
importante papel na coordenação de pesquisas e finalmente se voltou à
ação social.
Suas publicações:
- SCHMITZ, P.I.; LA SALVIA, F.; NAUE,
G.; BASILE BECKER, I.I.; BROCHADO, J.P.; ROHR, J.A.; MENTZ RIBEIRO,
P.A. Arqueologia no Rio Grande do Sul. Pesquisas, Antropologia 16. 58
p. + il. 1967.
- SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I.; LA
SALVIA, F.; NAUE, G. Prospecções arqueológicas na Campanha
rio-grandense. In: Pré-história Brasileira. São Paulo: Instituto de
Pré-História, USP. p. 173-186. 1968.
- NAUE, G.; SCHMITZ, P.I.; BASILE
BECKER, I.I. A cerâmica dos aterros de Rio Grande, RS. Ciência e
Cultura, vol. 20, n. 2. São Paulo, 1968.
- NAUE, G.; SCHMITZ, P.I.; BASILE
BECKER, I.I. SÍtios arqueológicos no município de Rio Grande.
Pesquisas, Antropologia, v.18, p.141-152, 1968.
- NAUE, G.; SCHMITZ, P.I.; BASILE
BECKER, I.I. Novas perspectivas sobre a arqueologia de Rio Grande. In:
Resumos da XXI Reunião Anual da SBPC. Porto Alegre, 1969.
- SCHMITZ, P.I.; MENTZ RIBEIRO, P. A.;
NAUE, G.; BASILE BECKER, I.I. Prospecções arqueológicas no Vale do
Camaquã, RS. In: Estudos de Pré-história Geral e Brasileira, São Paulo:
Instituto de Pré-História, USP, p. 507- 524 + il. 1969.
- PRIETO, O.; ALVAREZ, A.; ARBENOIZ, G.;
SANTOS, J. A. de los; VESIDI, A.; SCHMITZ, P.,I.; BASILE BECKER, I. I.;
NAUE, G. Informe preliminar sobre investigaciones arqueológicas en el
Departamento de Treinta y Tres, R.O. Uruguay. São Leopoldo: Publicações
Avulsas 1. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas./UNISINOS.
58 p. + il., 1970.
- SCHMITZ, P.I.; BASILE BECKER, I.I.;
NAUE, G. Arqueologia de Treinta y Tres, R.O. Uruguay In: Resumos da
XXII Reunião Anual da SBPC, Salvador, BA. p. 161, 1970.
- BROCHADO, J.P.; NAUE, G. Considerações
sobre contatos euro-indígenas no sudeste da América do Sul. Um projeto
de estudo de aculturação através das mudanças na cultura material.
Apresentado no XXXIX Congresso Internacional de Americanistas. Lima,
Peru. 1970. MS.
- NAUE, G.; SCHMITZ, P.I.; VALENTE, W.;
BASILE BECKER, I. I.; LA SALVIA, F.; SCHORR, M. H.A. Novas perspectivas
sobre a arqueologia de Rio Grande, RS. In: O Homem Antigo na América,
São Paulo: Instituto de Pré-História, p. 91-122. 1971.
- NAUE, G. Dados sobre o estudo dos
cerritos na área meridional da Lagoa dos Patos, Rio Grande, RS. Revista
Véritas n. 71, p. 246-269. 1973.
- KERN, A.A.; LA SALVIA, F.; NAUE, G.
Projeto arqueológico do litoral setentrional do Rio Grande do Sul: o
sítio arqueológico de Itapeva, município de Torres. Revista Véritas, v.
30, n. 117/120, p. 571-585. 1985.
- SCHMITZ, P.; NAUE, G., BASILE BECKER,
I.I. Os Aterros dos campos do Sul: A Tradição Vieira. In: Arqueologia
pré-histórica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, p.
221-250. 1991.
- SCHMITZ, P.; NAUE, G., BASILE BECKER,
I.I. Os Aterros dos campos do Sul: A Tradição Vieira In: Pré-história
do Rio Grande do Sul. Arqueologia do Rio Grande do Sul. Brasil.
Documentos 5 p. 101-124. 1991.
- NAUE, G.; HILBERT, K.; MONTICELLI, G.
O Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas (CEPA): 10 anos de
pesquisas arqueológicas na PUC/RS. Anais da VIII Reunião Científica da
Sociedade de Arqueologia Brasileira, v. 1, p. 155-166. Porto Alegre:
EDIPUCRS. 1995-96.
Pedro Ignácio Schmitz