INTRODUÇÃO

A pesquisa arqueológica no Mato Grosso do Sul começou mais tarde que a de vários outros Estados brasileiros. Os pesquisadores são pouco numerosos e as instituições ainda se estão estruturando para cobrir um vasto território, com ambiente bastante diversificado.

No centro do Estado encontra-se o planalto com seus campos e cerrados, que têm continuidade em Goiás, no Mato Grosso e mais adiante até a fronteira da Amazônia. No oeste, os Pantanais do Alto Paraguai se estendem para os Estados do Mato Grosso e Rondônia e servem de transição para o grande Chaco da Bolívia e do Paraguai. No leste, as matas, que acompanham o rio Paraná e seus principais afluentes, formam continuidade com as florestas de São Paulo e do Sul do Brasil.

Mapa da Região
Olhando estas conexões, nos damos conta de que a arqueologia do Mato Grosso do Sul talvez não possa ser explicada em si mesma, como se estivesse isolada do mundo, mas precise do amplo contexto em que está inserida. Também é necessário tomar consciência de que a história contada pela arqueologia, a partir de seus enfoques e métodos, não termina abruptamente com o primeiro desembarque do conquistador português e espanhol na nova terra, nem com sua chegada ao Mato Grosso do Sul. No Estado continuam residindo, desde tempos imemoriais, ou transmigradas em períodos históricos, populações indígenas, cuja trajetória faz parte, com pleno direito, do relato que nos propomos a produzir. As lascas de pedra, os cacos de panelas de barro, as gravuras nos grotões da serra, os esqueletos rotos que o arqueólogo estuda, muitas vezes têm nome e dono: este pode ser Kaiowá, Terena, Guaicuru, Guató, Kaiapó do Sul. No Mato Grosso do Sul, Arqueologia e História podem dar-se as mãos para contar uma história sem interrupção, uma vez escavando o solo, outra, compulsando velhos documentos, ou mesmo vivendo nas comunidades originais.

Minha intenção é esboçar essa história, com sua benevolência, a partir de três cenários naturais: os campos e cerrados do planalto, as planícies alagadas do Pantanal, as florestas dos rios Paraná e Paraguai.


Abertura Introdução Iº Cenário IIº Cenário IIIº Cenário Conclusão
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